Entenda o plano do entorno de Bolsonaro para matar Lula, Alckmin e Moraes

  • 20 de novembro de 2024

Trama golpista e homicida foi redigida no Planalto e discutida na casa de vice de Bolsonaro

Por Norberto Liberator
Entenda o plano do entorno de Bolsonaro para matar Lula, Alckmin e Moraes
A operação Contragolpe, da Polícia Federal, descobriu um plano que visava matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O documento de três páginas intitulado Fox2017.docx foi gerado nove dias após a eleição do segundo turno de 2022 e detalha recursos, tática, demandas e perspectivas para a trama de um golpe de Estado, que envolveria a execução da chapa eleita e do magistrado. Com base no material apreendido com o general Mário Fernandes, preso na operação, a PF descobriu que o plano (chamado de “punhal verde e amarelo”) foi levado à casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022.
A prisão preventiva de Braga Netto só não foi pedida até o momento porque a PF investiga, ainda, o grau de envolvimento direto do general na trama. Seus computadores e celular foram apreendidos na operação Tempus Veritatis, em fevereiro de 2024.
A Operação Contragolpe, que descobriu o conluio para matar Lula, Alckmin e Moraes, se baseou também no depoimento e registros de aparelhos do ex-braço direito de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid. Já o general Mário Fernandes, autor do plano, foi secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência durante o governo de Bolsonaro. Assessorou Bolsonaro no período de transição e, posteriormente, o deputado federal e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (PL). Mário Fernandes fazia parte dos “kids pretos”, um batalhão de operações especiais das Forças Armadas. A investigação aponta que Fernandes era o elo entre Bolsonaro e os acampamentos pró-golpe.
A conversa entre Fernandes e Cid também aponta para o envolvimento de Bolsonaro no planejamento de um golpe de Estado. O documento foi redigido no Palácio do Planalto. Tanto Bolsonaro quanto Cid estavam no local no dia. Fala de Fernandes: Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro.
Mensagens trocadas com Mauro Cid mostram que Fernandes deu suporte logístico à implementação de acampamentos em Brasília. Fala de Fernandes: Estou orientando tanto o pessoal do agro quanto caminhoneiros que estão no QG.
O relatório da PF mostra que o plano era formar, após o assassinato de Lula, um “gabinete de crise” comandado pelos generais Augusto Heleno e Braga Netto. Um dos envolvidos na trama golpista-homicida, Wladimir Matos Soares, atuava como segurança de Lula e agiu como infiltrado, repassando informações. O plano incluía a possibilidade de matar a equipe de segurança das vítimas e até mesmo os próprios autores diretos do crime.

Norberto Liberator

Jornalista, ilustrador e quadrinista. Interessado em política, meio ambiente, artes e esportes.

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