O Manifesto
- 11 de setembro de 2019
Em defesa do potencial artístico do jornalismo e do potencial jornalístico da arte
“Sou parcial mesmo. Não acredito em jornalista que não seja parcial; são babacas”. Esta frase de Tarso de Castro, editor-chefe da primeira fase do jornal O Pasquim, ajuda a guiar a Badaró na busca por um jornalismo francamente combativo, que se posicione em favor dos setores mais vulneráveis da sociedade. A pretensa neutralidade é um posicionamento favorável ao opressor.
Com estreia no final do ano de 2019, em um contexto político de perda de direitos, a Badaró se propôs desde o início a ser um veículo de posição independente e contra-hegemônica. Tal escolha está presente não apenas no conteúdo das produções, mas também na forma, tendo assim escolhido se manifestar principalmente a partir do jornalismo em quadrinhos, linguagem pouco conhecida do grande público, e esporadicamente por vídeos, ilustrações, colagens, infográficos e podcasts.
Destacamos o potencial artístico do jornalismo e o potencial jornalístico da arte. Decidimos percorrer nosso caminho por meio do encontro entre estas duas formas de comunicação. A arte sem contestação serve apenas para decoração ou consumo distraído; o jornalismo sem contestação está a serviço da ordem vigente.
A explicitação das posturas políticas começa pelo nosso próprio nome, uma referência ao jornalista ítalo-brasileiro Giovanni Libero Badaró, primeiro mártir da imprensa nacional, assassinado após combater o autoritarismo do imperador D. Pedro I.
Em um contexto de perseguição política à imprensa independente, Libero Badaró afirmou a seguinte frase em seu jornal O Observador Constitucional: “altamente declaramos que não temos o menor medo de ameaças. Aconteça o que acontecer, a nossa vereda está marcada e não nos desviamos dela: não há força no mundo que nos possa fazer dobrar, senão a da razão, da justiça”.
Dois séculos depois, diante da precarização do trabalho jornalístico e do alinhamento dos grandes conglomerados midiáticos à ordem dominante, a Badaró acredita que a imprensa alternativa, orientada por uma perspectiva crítica, possua ferramentas para colaborar com uma sociedade mais igualitária. A mídia corporativa e sua defesa da democracia burguesa não nos servem como modelo.
Neste sentido, o chavão de que o jornalismo é essencial para a democracia deve ser melhor contextualizado: defendemos que um modelo de imprensa crítico ao capitalismo é uma das linhas de frente na luta por uma democracia popular, na qual interesses coletivos sejam mais importantes do que os interesses econômicos da burguesia. A esta imprensa crítica se somam a atuação de artistas engajados, sindicatos, partidos políticos de esquerda e movimentos sociais.
Por fim, a Badaró defende que um jornalismo combativo e renovado, que fuja ao modelo tradicional controlado por oligarquias, seja uma forma de enfrentar a crise pela qual a imprensa como um todo tem passado. Novos padrões midiáticos também podem apontar caminhos para o combate às redes de desinformação, que, para além de negar a ciência e o jornalismo, são resultado de novas estratégias de manutenção do próprio capital.
É por este caminho que temos buscado pautar nossa prática jornalística no que diz respeito à técnica, estética e ética.
1 Comment
AMEI A INICIATIVA,!! Vai ser a Piauí do Pantanal. Sucesso gente ❤️