A herança escravagista em monumentos brasileiros

Prisão de militantes por incêndio de estátua do genocida Borba Gato reacende discussão sobre homenagens a figuras ligadas à escravidão no Brasil

Texto por Norberto Liberator
Arte por Marina Cozta
Desde que a estátua do bandeirante Manuel Borba Gato foi queimada durante protesto no dia 24 de julho, um debate passou a dominar as redes sociais: por que ainda há tantas homenagens a figuras ligadas à escravidão no Brasil?
Os bandeirantes, muitas vezes exaltados como “desbravadores”, foram essencialmente caçadores de recompensa que adentravam matas em busca de ouro, prata, pedras preciosas e de pessoas para serem escravizadas - no caso, indígenas e quilombolas.  O antropólogo Darcy Ribeiro estimou, em sua obra “O Povo Brasileiro”, que Borba Gato capturou e vendeu cerca de 300 mil indígenas.
O líder do movimento Entregadores Antifascistas, Paulo Galo, se apresentou voluntariamente à polícia e foi preso na quarta-feira (27) pelo incêndio à estátua. Sua esposa Géssica, que sequer estava no local, também foi presa, mas liberada na sexta-feira (30).
Enquanto uns são presos por queimar uma escultura, a memória de um genocida segue reverenciada. Pensando em casos do tipo, o Projeto de Lei 5296/2020, de autoria de Talíria Petrone (PSOL-RJ), Áurea Carolina (PSOL-MG) e Orlando Silva (PCdoB-SP) visa proibir monumentos públicos que homenageiem pessoas ligadas à escravidão.   Se o PL for aprovado, Galo e outros militantes não terão mais com o que se preocupar, pois a estátua de Borba Gato será retirada de onde nunca deveria estar.

Norberto Liberator

Diretor institucional

Jornalista, ilustrador e cartunista. Interessado em política, meio ambiente e artes. Autor da graphic novel “Diasporados”.

Marina Cozta

Ilustradora

Artista visual, arte-educadora, quadrinista e sagitariana.

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