Honduras, 2009: a abertura da nova Operação Condor

Golpe contra presidente Manuel Zelaya inaugurou nova onda de destituições ilegítimas na América Latina

Arte: Joanna Maciel
Roteiro: Norberto Liberator
Honduras viveu, em 2009, o primeiro de uma série de golpes de Estado que tomariam a América Latina.
O presidente Manuel Zelaya foi sequestrado no dia 28 de junho por militares em sua casa e, de pijama, levado em um avião para a Costa Rica. A eletricidade e as redes telefônicas da capital, Tegucigalpa, foram suspensas por cerca de seis horas.
Zelaya era um caso raro na política mundial: eleito por um partido de centro-direita, implementou medidas à esquerda, como programas sociais e imposição de limites nas taxas de juros dos bancos privados. Sua adesão à Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), bloco econômico que confrontava os interesses dos EUA, foi vista com desconfiança pelas oligarquias locais. Após sugerir um referendo para nova Constituinte, Zelaya foi acusado de “traição à pátria”.
O Brasil, que vivia a segunda gestão do presidente Lula, deu abrigo ao hondurenho em sua embaixada. A junta golpista chegou a cortar a energia do local, mas a situação foi normalizada.
O golpe em Honduras abriria uma onda de deposições de governos progressistas, que seria chamada por muitos analistas de Operação Condor 2.0: 2012 no Paraguai, 2016 no Brasil e, na Bolívia, um golpe em 2019 e uma quartelada em 2024.
Em 2011, Zelaya fundaria o Partido Liberdade e Refundação, de caráter socialista. Pela legenda, a esposa do ex-presidente, Xiomara Castro, seria a primeira mulher eleita presidenta de Honduras, em 2021.
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Joanna Maciel

Joanna Maciel é ilustradora, quadrinista e designer. Orgulhosamente largou três faculdades. Escreve a newsletter "Suave porra nenhuma" e tenta finalizar seus quadrinhos – ainda que não goste de pôr fim em nada.

Norberto Liberator

Jornalista, ilustrador e quadrinista. Interessado em política, meio ambiente, artes e esportes.

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