O que o Chile pode ensinar sobre prevenções a catástrofes [Série Chile #1]

País vizinho desenvolveu sistema altamente eficiente de planejamento para terremotos, que pode ser exemplo para evitar tragédias como a do Rio Grande do Sul

Por Norberto Liberator
O que o Chile pode ensinar sobre prevenções a catástrofes?
A cheia do Lago Guaíba, no Rio Grande do Sul, atingiu um nível sem precedentes em 2024, com mais de 100 mortos e de 130 desaparecidos, prédios ilhados e cidades inteiras alagadas. Ao contrário do que afirma o governador Eduardo Leite (PSDB), não se trata de uma tragédia inevitável, para a qual não houvesse previsão. O relatório Brasil 2040, encomendado pelo governo de Dilma Rousseff em 2015, já projetava um aumento de mais de 15% no nível das cheias. Apesar disso, Leite afrouxou cerca de 500 pontos na legislação ambiental gaúcha e chegou a anunciar um projeto imobiliário que derrubaria o muro que protege Porto Alegre das cheias, junto ao prefeito Sebastião Melo (MDB).
Em vez de tratar eventos corriqueiros como imprevisíveis, o Chile aprendeu a se preparar para eles. As edificações seguem um padrão rígido que as permite balançar sem desabar. As crianças têm aulas de como agir em casos de terremoto e simulações constantes nas escolas.
Para efeitos de comparação, em 2020, um tremor de 7 graus matou mais de 200 mil pessoas no Haiti. No Chile, um terremoto de magnitude 8.8 matou cerca de 500 pessoas no mesmo ano – número muito alto para os padrões chilenos. A grande maioria dessas mortes se deu na região costeira, devido à formação de um tsunami causado pelo impacto do tremor. O governo da então presidente Michelle Bachelet desenvolveu um sistema de evacuações do litoral, em casos de terremotos de maior impacto. A população é retirada para locais seguros até que o risco de tsunami acabe.
Os governos também aprenderam com a sabedoria mapuche. As áreas onde vive o povo indígena são tradicionalmente menos impactadas em danos físicos e materiais, em comparação a outras localidades fora da zona urbana. Em 2010, aldeias costeiras foram evacuadas pela própria comunidade antes mesmo de avisos oficiais, o que as salvou de riscos graves.
No caso do Brasil, o planejamento seria menos complexo. Ao contrário dos terremotos, que são um fenômeno inevitável, as grandes cheias são resultado de ações humanas e podem ser combatidas com um controle rigoroso da agropecuária, que impeça a destruição da vegetação nativa em larga escala.

Para doar ao Rio Grande do Sul:

 

Cozinhas Solidárias do MTST:

apoia.se/enchentesrs 

 

MST RS e Instituto Brasileiro

de Solidariedade (Pix):

09.352.141/0001-48

 

Comissão Guarani Yvirupa (Pix):

21.860.239/0001-01

 

Articulação dos Povos 

Indígenas do RS (Pix):

00.479.105/0005-07

Norberto Liberator

Jornalista, ilustrador e quadrinista. Interessado em política, meio ambiente, artes e esportes.

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