Glória holandesa ameaça hegemonia de Hamilton dentro e fora da F1?
- 20 de janeiro de 2022
Título de Verstappen na última temporada destronou britânico na badalada categoria do automobilismo mundial; Hamilton é o maior vencedor da competição e principal piloto do torneio
Por Alison Silva
Arte por Guilherme Correia
Campeão da Fórmula 1 há pouco mais de um mês, o holandês Max Verstappen tem o objetivo de estender seu período de glórias na categoria em 2022, fator que poderia ser mais tranquilo, não fosse a hegemonia de Lewis Hamilton, principal piloto da categoria, dono de sete títulos mundiais da competição.
O britânico é um símbolo conhecido mundialmente, não apenas pelo sucesso desportivo. Dentro do grid, seus feitos são indiscutíveis, já que se tornou o maior campeão do esporte – tem o mesmo número de títulos que o alemão Michael Schumacher, este que se aposentou após acidente de carro, em 2013, que abreviou sua vitoriosa carreira – além de ter ganhado mais corridas e chegado mais vezes ao pódio.
Hamilton, único piloto negro da F1, esporte profundamente ligado às raízes da elite branca, é engajado publicamente em movimentos antirracistas e já foi criticado por ex-pilotos e uma série de figuras, que nas redes sociais, bradaram com a vitória de Verstappen na última temporada, não apenas pela competição, em si, como também por fatores sociais.
Em 141 GPs desde sua estreia como titular da Toro Rosso, atual Alpha Tauri, em 2015, Verstappen venceu 20 corridas e subiu ao pódio em 60 oportunidades com percentuais de 14,18% nas vitórias e 42,55 por cento em pódios.
Em período de mesma duração, o desempenho de Lewis Hamilton é ligeiramente melhor do que o apresentado por Verstappen. Em suas 141 iniciais, Hamilton venceu 27 vezes e subiu ao pódio em 63 ocasiões, com desempenho percentual de 19,14% nas vitórias e 44,68 por cento em pódios. A título de comparação, Hamilton subiu ao pódio três vezes mais que Verstappen, bem como ganhou sete corridas a mais.
No entanto, o holandês protagonizou um dos mundiais mais empolgantes da categoria neste século, ao derrotar o heptacampeão mundial na última volta, do último Grande Prêmio de 2021. O enredo e o roteiro do último certame elevaram a conquista do piloto da Red Bull Racing Honda a uma das mais emocionantes de todos os tempos.
Piloto da categoria há nove temporadas, Verstappen chegou à 22ª e última corrida do ano empatado em pontos com Hamilton, ambos com 369.5. A última vez em que um mundial de pilotos foi acirrado desta maneira foi em 2008, ano do primeiro título de Hamilton – pela McLaren-, período em que o britânico superou o brasileiro Felipe Massa por apenas um ponto (98-97), em circunstâncias semelhantes às do último fim de semana.
A conquista de Verstappen freou a possibilidade de Hamilton se isolar como o maior campeão da categoria. Para além do campeonato de 2008, Lewis foi bicampeão consecutivo em 2014 e 2015, e tetracampeão seguidamente em (2017/ 2018/ 2019 e 2020), feitos que o igualaram a Schumacher como maior campeão, com sete títulos ganhos.
O caneco, primeiro de Verstappen, torna o holandês o quarto piloto mais jovem a levantar um mundial. Com 24 anos, dois meses e 12 dias, o neerlandês só fica atrás do espanhol e duas vezes campeão (05 e 06) Fernando Alonso, do próprio Lewis Hamilton, além de Sebastian Vettel, vencedor em quatro oportunidades (de 2010 a 2013).
Destronamento de Hamilton
Igualados em pontos, Verstappen e Hamilton chegaram à derradeira corrida da temporada, disputada em Abu Dhabi, cientes de que precisavam superar um ao outro para conquistarem o torneio. Verstappen viu a vantagem que conquistou na corrida anterior, de largar à frente e escapar logo no início da corrida.
Experiente, Hamilton assumiu a dianteira da prova – e do campeonato, logo na primeira curva do circuito de Yas Marina.
A ultrapassagem – fora dos planos da RBR, dificultou a corrida para Verstappen. De pneu macio, mais rápido, contudo, mais frágil que o conjunto médio usado por Hamilton, o holandês viu sua vantagem escapar, ao passo em que seus pneus se desgastaram e o sonho do primeiro título mundial lhe fugia das mãos.
Com pneus mais desgastados, e forçado pelas circunstâncias a trocar o composto de pneus antes de Hamilton, Verstappen viu o britânico abrir quase 10 segundos de vantagem na liderança. As esperanças do titular da RBR se renovaram quando o mexicano, e companheiro de equipe, Sergio Pérez – então segundo colocado, assumiu a ponta da corrida após ida de Hamilton aos boxes.
Com uma parada a menos, Pérez recebeu da equipe a missão de segurar Hamilton na segunda posição, para que seu companheiro e postulante ao título, pudesse se aproximar de Lewis. Missão cumprida. Em duas voltas, Pérez reduziu a vantagem de Hamilton para Verstappen em 6.5 segundos, recolocando o holandês na prova e consequentemente e volta na briga pelo título mundial.
Com pneus renovados, assim como o rival, Verstappen manteve perseguição ao britânico, contudo, não conseguia acompanhar o ritmo de corrida de Hamilton. Lewis se distanciava novamente do holandês. Com quase doze segundos de vantagem e com Verstappen tendo que tirar quase 01 segundo por volta já no terço final da corrida, o octacampeonato de Hamilton parecia questão de tempo, e o fim da corrida quase “protocolar” para aqueles que assistiam o evento.
A colisão do piloto da Williams, Nicholas Latifi, contra o guard rail nos instantes finais da corrida, provocou o uso do safety car na pista, fator que reduziu a distância entre os dois pilotos. Além da aproximação, Verstappen retornou aos boxes e colocou pneus macios para tentar um último ataque a Hamilton. Sem parar, Lewis seguiu na ponta com pneus desgastados e arriscou-se no fim.
Com a pista limpa, há uma volta do término do mundial, Verstappen ultrapassou Hamilton para não perder mais e se tornar o primeiro holandês a conquistar o mundial de Fórmula 1.