Em meio a tensões políticas, Chile decide novo presidente

Segundo turno coloca, frente a frente, jovem socialista e candidato de extrema direita ligado a Pinochet

Por Norberto Liberator e Guilherme Correia

O Chile decide, neste domingo (19), qual rumo deve tomar nos próximos quatro anos. O país sul-americano, que enterrou neste ano a Constituição elaborada pelo governo do ex-ditador Augusto Pinochet, vive um segundo turno acirrado entre José Antonio Kast, do Partido Republicano (extrema direita) e Gabriel Boric, da Convergência Social (esquerda).

Herdeiro de um clã de origem alemã que atuou ativamente na ditadura pinochetista, Kast é deputado federal e se apresenta como “Bolsonaro chileno”. Seu pai, Michael Kast, foi filiado ao Partido Nazista, conforme revelou a agência de notícias Associated Press. Seu irmão, Miguel Kast, foi presidente do Banco Central chileno durante o governo Pinochet. 

O candidato se apresenta como defensor “da família” e mira em pautas conservadoras, além de atacar imigrantes, sobretudo haitianos e venezuelanos, a quem atribui suposto aumento da criminalidade no Chile. Tem apoio do presidente Sebastián Piñera, cuja truculência contra manifestações em 2019 culminou na nova Constituinte.

Gabriel Boric, candidato pela Frente Ampla, que reúne partidos de esquerda, é uma jovem promessa da política chilena (tem apenas 35 anos) e também é deputado. Iniciou sua militância no movimento estudantil. Em busca de uma aliança de esquerda, aglutinou em torno de sua candidatura mais de 10 partidos e movimentos sociais, na coligação Apruebo Dignidad (“eu aprovo a dignidade”), consolidada com a entrada do Partido Comunista, uma das principais e mais tradicionais forças políticas entre a classe trabalhadora chilena. Na segunda etapa, Boric conta com apoio de artistas e intelectuais, como Pedro Pascal, Mon Laferte e a ex-presidenta Michelle Bachelet, hoje alta comissária de Direitos Humanos da ONU.

No primeiro turno, Kast teve dois pontos de vantagem contra Boric. O candidato da extrema direita somou 27,91% dos votos, contra 25,83% do socialista. As pesquisas para a segunda volta variam, tendo se iniciado com vantagem de Boric, mas aos poucos apontando proximidade e, em alguns casos, vitória do neofascista.

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