Situação de estudantes pretos(as) no ensino remoto

Em um país onde estruturas de classe e de raça hierarquizam direitos à permanência na universidade, a Badaró conversou com estudantes negros(as) para compreender dificuldades com Ensino à Distância (EaD)

Por Vitória Regina 
Ilustrações por Fabio Faria
Colaborou Leopoldo Neto

A pandemia causada pelo novo coronavírus modificou temporariamente o formato de ensino, aprendizagem e a dinâmica em sala de aula. Para evitar o agravamento dos índices de contágio, algumas Universidades optaram por suspender o calendário acadêmico. Todavia, essa escolha não foi regra e outras instituições deram continuidade ao calendário para que não houvesse um prejuízo de ensino (1).

Quando o ensino remoto foi colocado como única opção viável às instituições, o questionamento que vigorava em alguns setores pode ser resumido na indagação feita por Oliveira et al. (2020, p. 66) sobre ”em que medida tais iniciativas incidem diretamente no acesso e permanência de estudantes socialmente vulneráveis?”. Entre as dificuldades enfrentadas por diferentes estudantes em relação ao acesso às tecnologias de informação, podemos citar a constatação de que

em alguns casos (como os/as estudantes indígenas, quilombolas e do campo) sequer haveria possibilidade de acesso à energia elétrica em suas residências/localidades; muitos estudantes residem em lugares (por exemplo sítios e/ou municípios pequenos) em que não há disponibilidade de meios virtuais/eletrônicos/internet facilitados ou em número suficiente; dada a especificidade de cada curso, há casos em que existe o predomínio de atividades práticas e que não podem ser realizadas de formas virtuais; não habilitação ou dificuldade por parte de estudantes e professores/as na utilização de ferramentas digitais; muitos/as estudantes, por terem algum tipo de deficiência, não possuem, em sua residência, estrutura e apoio adequado para a realização de atividades online; a preocupação por parte de estudantes inseridos/as dentro do perfil de vulnerabilidade social e que demonstravam receio quanto à incerteza da manutenção de auxílios e benefícios (OLIVEIRA et al., p. 68, 2020).

Diante das problemáticas supracitadas, as medidas adotadas – seja por universidade pública ou privada–  foram pensadas com e para uma classe específica. A partir do momento em que decisões tomadas a nível institucional ignoram grupos sociais historicamente excluídos, automaticamente afirmam que o espaço universitário é feito para uma classe e terão em suas fileiras somente uma cor.

As universidades que mantiveram o calendário acadêmico como se nada estivesse acontecendo, deram um longo prazo para que os estudantes pudessem trancar disciplinas. Essa decisão, na prática, nada mais é do que a responsabilização e culpabilização do sujeito. Ou seja, se você não consegue se adaptar ao ‘’novo mundo’’ ou não tem a possibilidade de tentar se encaixar, você está fora.

Quando o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que o Enem Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) não era aplicado para ‘’atender injustiças sociais, mas para selecionar os melhores’’ provou que a crise – e agora o desmonte e sucateamento das instituições federais–  da educação no Brasil é um projeto.

O Estado brasileiro não tem a menor intencionalidade de reparar o grave histórico de desigualdade social no país. Esse cenário, como apontaram Nascimento e Santos (2020, p. 122),

vai desde à falta de estrutura física nas residências, até às diferenças de acesso devido a marcadores como gênero e raça, dentre outros, infere-se que este instrumento com vistas à equidade de acesso ao ensino, não garante a equidade de aprendizado dos alunos, já que todos não compartilham das mesmas condições sócio-econômicas-culturais, algo que tornou-se uma normalidade excludente e macabra.

As atividades passaram a acontecer de modo remoto – via internet – e todo mundo teve que se adaptar o mais rápido possível. As ferramentas de Educação à Distância (EaD) utilizadas nesse período concentram-se no Google Meet, Hangout, Classroom, Skype, Zoom, Moodle e, em alguns casos, Whatsapp.

No entanto, o ensino remoto – ou uma vida gerida pela internet é impossível– para aproximadamente 46 milhões de brasileiros. De acordo com a Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua, a ferramenta tecnológica mediadora entre a parcela da população brasileira que possui acesso à internet é principalmente o celular (99,2%), depois os microcomputadores (48,1%) e os tablets (13,4%).

Ainda neste sentido, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) publicados em 2018, entre as chamadas camadas de renda ‘D’ e ‘E’, somente 9% possuem acesso à internet. Além disso, 55% da internet acessada por celular ocorre pelo modo pré-pago e 30% das residências no país não possuem qualquer conexão com a internet.

A introdução dos computadores e da internet causa longos debates desde a década de 1980. Aos defensores desse ”novo mundo”, a utilização da internet abriria novas portas e serviria para desterritorializar a educação. Entretanto, ignoraram o fato de que para quem tem tempo e acesso ilimitado à internet, a territorialização nunca foi um problema tão grande assim. Claro, durante a pandemia foi possível, por exemplo, estar em Campo Grande (MS) e fazer um curso de formação sobre Saúde Mental e Racismo ministrado no Rio de Janeiro (2). Mas só foi possível pelo acesso e pela disponibilidade de tempo.

O debate ao redor das tecnologias dentro da sala de aula, bem como do ensino à distância não deve ser realizado de modo acrítico. Ao fazer uma defesa de que só a internet será capaz de democratizar e ‘’emancipar’’ a educação e os sujeitos em processo de formação, ignorando a parcela de pessoas em território brasileiro que não possuem acesso à internet, significa corroborar que o acesso à educação de qualidade pertence somente a um grupo privilegiado da sociedade.

Além da discussão a respeito do acesso à internet, devemos nos atentar para a existência – ou não – de um lugar adequado para estudos e os cuidados com a saúde mental de cada sujeito que está atravessando esse período, considerando que estamos vivendo a pior pandemia do último século.

A pandemia e a necessidade de um isolamento social escancararam diversas desigualdades e têm colecionado diferentes experiências e relatos do desgaste físico e mental. Um dos principais relatos daqueles que estão inseridos em atividades remotas é a dificuldade de gerir o próprio tempo e de dedicar um espaço ao lazer e ao descanso. Em um ambiente – refiro-me ao Universitário–  onde quem não produz constantemente acaba por perecer, relaxar parece ser uma atividade utópica. A necessidade de estar o tempo inteiro ‘’ativo’’ academicamente nos conduz ao adoecimento e liga o alerta da precarização do trabalho.

Em seu mais recente livro publicado, “A cruel pedagogia do Vírus”, Boaventura Sousa Santos (2020) escreve sobre a normalidade de exceção em vigor. O sociólogo português aponta que o mundo vive um estado de crise permanente a partir do momento em que o neoliberalismo se torna dominante no sistema capitalista. Além disso, afirma que a atual pandemia não criou nenhuma nova desigualdade mas só agravou as existentes. Neste vídeo, o autor nos lembra que os países menos atingidos pela lógica neoliberal mostraram os melhores resultados em combate à pandemia.

Quando a Covid-19 começou a circular pelo hemisfério ocidental, a mídia convencional logo passou a defender que esse vírus seria democrático, que contaminaria ricos e pobres, brancos e pretos igualmente. Uma defesa falaciosa e fácil de ser derrubada. Em pesquisa publicada pela Pública na primeira semana de maio, observamos a disparidade entre as mortes. Em Brasilândia, um bairro de São Paulo composto 50% pela população negra, o número de mortes era de 103. Já em Moema, bairro em que a população negra não chega a 6%, o número de mortes despenca e registra 26.

Para compreender como o primeiro semestre de um ano pandêmico impactou na vida pessoal e acadêmica de estudantes pretos e pretas, a Revista Badaró conversou com seis universitários(as) de instituições localizadas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

A conversa girou em torno de quatro perguntas e um pedido de relato de experiência. A pergunta inicial era identificatória a respeito do nome, idade e instituição. A segunda questionava se o entrevistado tinha acesso à internet e aparelhos tecnológicos para participação em aulas virtuais. A penúltima pergunta indagava sobre as preocupações em relação às contas (se precisa pagar aluguel, energia, água, internet, se trabalha, se recebe bolsa, se conta com ajuda de terceiros) e a última se o entrevistado realiza ou realizava acompanhamento psicológico.

A maioria das pessoas entrevistadas optaram pela não divulgação de seus dados e, neste sentido, optamos por não revelar o nome de nenhum(a) dos(as) participantes.

A segunda pergunta exemplifica o que foi supracitado sobre o acesso à internet e suas tecnologias mediadoras. Entre as seis pessoas entrevistadas, três possuem computador e celular, além de acesso à internet via banda larga (Wi-fi). Duas acessam a internet somente pelo celular e uma participava do ensino remoto pelo celular até emprestar um notebook de uma pessoa conhecida.

Em relação ao pagamento de contas, tema da terceira pergunta, somente duas pessoas não precisam trabalhar. Metade, ou seja, três pessoas precisam trabalhar (fazer ‘’bicos’’) e uma conta com a ajuda de terceiros.

Por fim, a última pergunta era sobre acompanhamento psicológico. Dentre as seis pessoas com quem conversamos, três não realizam nenhum tipo de acompanhamento psicológico e nem o fizeram antes da pandemia. Duas continuam tendo esse acompanhamento e uma realizava anteriormente ao início da pandemia.

Em relação os relatos de experiência, por serem curtos, decidimos colocá-los na íntegra. Como mencionado, optamos por não identificar nenhuma das pessoas com quem conversamos. Sendo assim, os relatos serão numerados.

Relato #1

Então, a respeito de angústias e problemas, temos! A priori o EAD não me atrapalharia muito, porque aos poucos, na elaboração do meu projeto de TCC [Trabalho de Conclusão de Curso], o que antes exigiria trabalho de campo, passou a exigir apenas levantamento bibliográfico e entrevistas, assim, a pandemia não afetaria em nada, mas acabou que afetou muitas pessoas a minha volta, indispensáveis para o andamento da pesquisa. como a minha orientadora, por exemplo. Por ela estar passando por uma mudança e também por dificuldades de adaptação à dinâmica EAD, acabou que o nosso diálogo foi muito comprometido nesse processo. o que impôs intervalos muito grandes no andamento do trabalho que, inclusive, se encontra atrasada agora. Mas de qualquer forma, a prioridade é a saúde mental dela. Já em relação às disciplinas que eu fiz no primeiro semestre, todas foram comprometidas pelo EAD, tanto no meu rendimento – processo de assimilação e troca nos conteúdos – quanto os professores que, pelas limitações impostas, não conseguiram transmitir o conteúdo da forma como planejaram e que seria ideal. Além disso, aqui em casa eu e a minha irmã dependíamos do mesmo notebook ‘pras’ nossas aulas o que, num determinado período, acabou comprometendo algumas atividades nossas, mas nada grave. A respeito da minha saúde mental, estou bem. Só essa questão do TCC parado que tem me preocupado. É um ponto muito central na nossa graduação, né? No momento estou escrevendo a versão final do meu projeto e acredito que assim que a professora se organizar, as coisas vão andar.

Relato #2

 Antes da quarentena eu utilizava a internet e computadores da universidade da biblioteca ou no lab [laboratório do bloco] do 13. Nunca tive internet em casa e o único notebook que tinha em 2019 na virada do ano foi roubado. Então, aí que tudo mudou, quando o confinamento chegou e a universidade ignorou a possibilidade de suspensão do calendário e enfiou goela abaixo o ensino remoto. Justificando a possibilidade dos cortes de bolsas, então imagina o desespero [no] último semestre, sem acesso a nada ficar sem o único auxílio que permitir continuar estudando. Foi desesperador a possibilidade de voltar para minha cidade natal sem um diploma na mão. Chorei dias, sem poder acompanhar aulas, até que um amigo me emprestou o notebook. Mesmo conseguindo usar o laboratório do [bloco] 13, o passe [de estudante] foi suspenso e não tinha como me locomover até à Universidade morando no bairro Jardim Morenão. Dias de lutas, com a única vontade de formar, ignorando minhas próprias angústias atrás de um pedaço de papel. O que me parece é que mesmo oferecendo os auxílios, demorou dias até sair o resultado de quem podia receber e não fui contemplado. Mas usava o 3g roteando pro notebook. E sempre quando busquei obter resposta, nunca tive, mas sempre tive de forma constante a “ameaça” dos cortes de bolsas. Fechei o semestre com uma faca nas costas, pois a única possibilidade era concluir. Sem ajuda dos meus pais, a cinco anos sou inteiramente independente.

 

Relato #3

Estando no último ano a preocupação girava em torno do “será que vamos conseguir fazer o estágio obrigatório?” “Será completaremos as horas obrigatórias de prática?” “Como futuro profissional da saúde, não deveríamos estar fazendo algo?“. Tivemos nossos campos de estágio fechados desde o começo da pandemia, foram passadas atividades online as quais fazíamos sem muita empolgação, pois queríamos prática e isso desanimou muito. A ansiedade vinha quando pensava em como poderia encarar um possível emprego me formando sem ter passado pelo estágio, momento que temos tanto contato, onde podemos sanar nossas dúvidas, relembrar e associar a teoria. Sugerimos até a possibilidade de deixarmos para colar grau ano que vem quando as coisas se normalizarem e pudéssemos cumprir nosso estágio da forma correta, sempre entendendo que o momento atual é novo para todos e que as coisas mudaram porque tinham que mudar. No começo de abril, o Ministério da Daúde iniciou um projeto “Brasil Conta Comigo”, no qual me inscrevi, e mês passado me chamaram para compor equipe no Hospital Regional. Conversamos com as professoras e então a universidade aceitou que as horas que fizéssemos lá contariam como as do estágio do último ano. Outra parte da turma também está em outro campo de estágio, no polo Covid que as professoras conseguiram e esperam campo hospitalar em setembro. Então, após momentos de muita ansiedade, desespero diria, de pensar em como tudo tinha mudado tanto e o quanto tivemos que nos adaptar e tentar não pirar (falhando em alguns momentos), as coisas estão fluindo. A experiência que estou tendo é incomparável por todos motivos possíveis, o local, o momento… E até então a nossa formação está para começo de dezembro, e isso me traz uma mistura louca de sentimentos.

Relato #4

Sou estagiária na instituição em que estudo, esse estágio paga minha mensalidade e se eu não o tivesse não conseguiria estudar, meu principal medo nesse período é perder o estágio, pois não teria condições de continuar estudando. O estudo remoto está sendo muito difícil, não consigo assistir à muitas aulas, pois faço “bico” de babá no período das aulas virtuais. Sofro de transtorno de ansiedade generalizada, esse período pandêmico fez tudo escalar numa proporcionalidade enorme, crises de ansiedade são mais frequentes e os medos estão muito maiores. Faço parte do grupo de risco para COVID-19, então não posso retornar à normalidade no estágio, o que faz que eu tenha cada vez mais medo de perdê-lo. Tenho muitos problemas familiares e passar todo o tempo em casa parece que faz tudo piorar. Não tenho mais contato com meus amigos, então é como se tivesse perdido o refúgio que tinha antes. Ver as pessoas voltando a normalidade é desesperador, pois me sinto fracassada de não conseguir retornar como elas. Nesse semestre passado sinto de verdade que não aprendi nada, então o medo de me tornar uma profissional ruim é horrível.

Relato #5 

O ensino remoto foi um pouco benéfico para mim. Estou no último semestre e as matérias que tive foram bem adaptadas, claro que o nível de conhecimento obtido no final foi bem mais raso se comparado ao que poderia ter sido presencial. A maior dificuldade foi em conseguir ficar estando estágio home office de manhã e aula no período da tarde, a concentração não foi boa de nenhuma forma. E além disso ter que ajudar nos serviços domésticos com uma frequência bem maior foi complicado. A saúde mental foi o mais prejudicado, tive um aumento com problemas de transtornos alimentares, engordei de forma significativa e também iniciei terapia de forma online e nesse momento está um pouco melhor, mas nos primeiros meses foi bem difícil.

 

Relato #6

No começo da pandemia achei que seria fácil encarar o ensino remoto, pela suposta facilidade de assistir aula em casa. Depois do primeiro mês, estava sentindo na pele o despreparo da universidade e dificuldade em aprender os conteúdos ministrado. Como é tudo novo, alguns professores não têm domínio nessa área tecnológica e não possuem tempo para aprender. Alguns professores também exageraram na dose e passaram conteúdos como se a disciplina deles fosse a única do semestre. Há a dificuldade em participar de aula em casa, pois é cachorro latindo, televisão, carros e centenas de outros barulhos que atrapalham na concentração. Terminei o semestre com uma lacuna na formação, não tenho a mínima vontade de iniciar outro semestre assim, é tudo muito cansativo e a aprendizagem fica muito comprometida.

Por fim, ao analisar-se os dados, percebe-se que a vida virtual e o ensino remoto são condições excludentes para uma parcela considerável da sociedade. Neste sentido, a glamourização de uma vida home office só pode ser feita por quem não sente as estruturas da desigualdade operando. A aplicação do ensino remoto pode ter ajudado no controle de contágio e exposição de estudantes, técnicos e professores, mas exacerbou a lógica utilitarista e de otimização do tempo. Como se não bastasse a existência de um fetiche tecnocrático e acadêmico, o ensino e a aprendizagem realizada durante esse período foi e está sendo comprometida.

NOTAS

(1) É importante lembrar que o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, se manifestou favorável ao retorno das aulas, mesmo o Brasil registrando números elevados de contágio e de mortes. Além disso, afirmou que o Ministério iria premiar as universidades que mantivesse o calendário acadêmico.

(2) A Defensoria Pública do Rio de Janeiro elaborou um Curso de Extensão sobre Direitos Humanos, saúde mental e racismo a partir de Frantz Fanon. Para assistir a primeira aula, clique aqui.

 

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA et al. Salve-se quem puder. Cadernos de Campo (São Paulo, online) | vol.29, (suplemento), p.65-74 | USP 2020.

SANTOS, B, S. La cruel pedagogia del virus. Buenos Aires: Clacso, 2020.

NASCIMENTO, T; SANTOS, P. A normalidade da desigualdade social e da exclusão educacional no Brasil. Caderno de Administração, Maringá, v.28, Ed.Esp., jun./2020.

SEGATA, J. A Colonização digital do isolamento. Cadernos de Campo (São Paulo, online) | vol.29, n.1 | p.163-171 | USP 2020.

Vitória Regina

Vitória Regina

Marxista e psicóloga em formação. Debate política, psicologia e cultura.

Fábio Faria

Fábio Faria

Diretor de arte

Estudante de jornalismo e ilustrador. Interessado em artes, cultura e assuntos do espectro político.

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